sexta-feira, 1 de junho de 2012

Eu fagocito ruas, eu me alimento dos lugares

Faço coleção de lugares na minha memória porque simplesmente adoro caminhar por lugares novos, conectar lugares novos a já conhecidos, perder-me em velhos lugares procurando novos.

Hoje, particularmente, tive uma ótima experiência ao conhecer ruas e ruelas novas no Botafogo, em especial a Rua Fernandes Guimarães, onde fui com um amigo a um restaurante tailandês. Como pano de fundo da rua, uma grande pedra coberta da névoa de um dia chuvoso e, de ambos os lados, casas com fachadas características de um estilo moderno-decadente quase esquecido. Respirei o ar daquela rua de tal maneira que já pouco importava onde iríamos almoçar. Atmosfera calma, confortante, de uma cidade dentro da outra, de um clima pacato, mas nem por isso pouco atraente ou apartado de uma comunicação com as delícias da cidade grande.

Ao fim da rua, avistamos a placa amarela do restaurante do dito almoço tailandês. Desconfiamos que estivesse fechado pela calmaria que aparentava. Mas ao chegarmos mais próximos, entramos, sentamos, almoçamos e conversamos. Atendimento impecável, clima europeu no interior do lugar (decoração com lindos tons de madeira, luminárias laranjas e paredes verdes) e uma impessoalidade vital a qualquer vivente urbano que goste do anonimato. Algumas pessoas entram, outras saem, sem o incômodo de um encontro com conhecidos. Dentro daquele lugar, eu me senti em vários outros: numa cidade americana, em Buenos Aires, em Porto, num restaurante de Londres etc etc. Viajei ali dentro, atraída pelo fora, pela atmosfera, pela identificação de um bom momento com a cidade que construo dentro de mim.

No final de uma rua, uma grande pedra, a névoa, as casinhas e suas fachadas, a placa amarela do restaurante, a caminhada, eu e minha paixão pela ventura urbana.