quinta-feira, 30 de junho de 2011

Definitivamente, há pessoas com a poderosa capacidade de te deixar no chão. É, no chão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Algumas, do Rio para cá

- Amo pegar o Real Alvorada para o aeroporto internacional. É uma recompensa pelo estresse de arrumar malas. Nele, a agitação dá lugar a uma calma, uma respiração tranquila. Ver o Rio pela janela, sem nenhum propósito, sem ter que aturar um taxista chato, é um presente impagável antes levantar voo. A cada vez que pego esse ônibus, o tempo que passo nele conforta minha alma. É um intervalo de tempo para pensar em tudo que eu queira, respirar fundo, sentada, confortavelmente, à companhia dos seus pensamentos e da cidade que passa na janela.

- Ver as cidades iluminadas lá de cima, do avião, me faz pensar em figuras que poderiam ser tatuadas no corpo. Cada forma bonita...

- Reconhecer a Lagoa, o Ginásio da Parangaba, as casinhas de Fortaleza perto de pousar é como adentrar em uma maquete do conhecido. A sensação de conhecer, lembrar, é tão boa como a de nada conhecer e querer explorar. Viajar é bom por isso. É colecionar pedacinhos do conhecido desse mundão afora que enxergamos lá de cima.

- Em casa, sou recebida com o carinho e atenção de sempre. Tenho pais maravilhosos, um quarto sempre arrumado e confortável para me receber. Sempre volto diferente, no entanto. Tenho me achado bem mais falante, por exemplo. Ao mesmo tempo, tento ver no que mudaram os que estão ao meu redor.

- Meu sobrinho, que fez ontem 7 anos, está cada vez mais esperto. É bom estar com ele, embora esteja revestido de alguns mimos e fique chato às vezes. É bacana vê-lo empregar o plural corretamente, saber que está, no sentido literal do termo, aprendendo. Além de, claro, continuar sendo uma criança muito divertida (quando quer).

- Algumas pessoas da família vêm me pedir dicas de viagem e falam sobre mim, meu livro etc. Eles me olham estranhos ao me ver tomando cerveja, ao mesmo tempo que eu mesma me estranho fazendo aquilo em família. É, eu tomo cerveja de vez em quando. No Rio também. Resolvi tomar ontem e ponto.

- Vejo meus pais com suas idiossincrasias - algumas aumentadas, outras inalteradas. Meu pai mais magro e paradão. Minha mãe, mais gorda, agitada como sempre. Sinto-os mais cansados ou, em alguns momentos, pouco preparados para algumas atividades. Fico preocupada em estar longe, pois, talvez, estando sempre aqui, poderia tomar algumas tarefas para mim ou dar mais conselhos em como melhor proceder em algumas coisas. Me preocupo com idas ao médico, alimentação, esforços físicos, dentre outros. Algumas coisas pouco poderiam mudar, mas sempre fico naquela eterna cobrança: preciso ajudá-los, quero vê-los bem.

- Vejo minha tia tristonha, chorosa, pela recente perda da minha vó. Tenho pena dela. Parece ainda mais frágil do que era. Ainda devo tomar coragem para entrar na casa dela e ver o espaço onde ficava a cama da minha vó vazio.

- Comi vatapá de camarão na casa da minha irmã. Enchi muita bola de aniversário, ajudei na decoração, tirei fotos. Estar em família tem dessas coisas, que só fazemos quando estamos ao lado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Correr
Faz suar
Bagunçar o sangue
Cansar

Desafia os limites
Faz perder o fôlego
Gasta a gente

Lubrifica os ossos
Faz bem à alma

domingo, 19 de junho de 2011

Delay

Sinto-me cobrada por todos os lados. Inclusive por mim mesma. O que acontece quando cobranças me açoitam é que pareço não me mover. Ou, quando me movo, é como se descobrisse um prato para cobrir o outro. Não me dou muito bem com essas situações. Invento uma quinta ou sexta coisa para fazer que não seja do script.

Motivos de ordem pessoal perfuram suas atividades profissionais de tal forma que o retorno à normalidade cotidiana exige um esforço tremendo. A sensação é de delay. Pára tudo. Espera-se tudo. Ou não espera-se nada.

Semana parada para recomeçar na próxima. Será?

A viagem casa bem com essas situações. Marcada, se não quiser pagar mais para mudar, ela terá que acontecer. Ela impõe um limite, um prazo. Confio muito em prazo, data, pois ele não se move. E para que ele não nos pegue desprevinidos, precisamos nos mover. É sua lógica de funcionamento.

Tive conversas outro dia sobre os prazos que nos damos para planos. Ok, podemos dar prazos para tudo. Mas e para o que não está no script há prazo? Há limite para os desvios, as imprevisibilidades? Quando tudo está em delay, o que menos queremos é pensar no prazo. Queremos o prazer de não ter limite.

A carruagem anda, ora apressada, ora torta, ora lenta ou quase parada, até o ponto de chegada.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Medo de ir para Fortaleza

... e ver minha cidade abandonada
... e captar o desrespeito com seus cidadãos
... e entrar nos terminais que pararam no tempo
... e desviar as obras de um metrô que nunca se concluem
... e pisar na terra de descaso da Luizianne
... e entrar na maquinaria do mundinho Aldeota
... e me sentir num quadrado

Me queres de volta ou não, Fortaleza?
Enxota tuas mazelas!