terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Os outros nos ensinam a ser quem gostaríamos de ser e, também, quem não gostaríamos de ser. Lição que tiro a cada dia.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Se pensar com calma fosse pensar com amor, seria muito mais afortunada.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um flash

Quando fazemos uma viagem ao estrangeiro, onde tudo é estímulo o tempo todo, ficam guardadas algumas pequenas cenas na mente, que às vezes vêm à tona mesmo sem aviso. Lembrei agora há pouco de uma vivência em Londres, especificamente numa esquina, onde esperava um ônibus e via um desses jornais gratuitos de rua. Estava quase no cruzamento entre ruas importantes. Uma delas era chamada Marylebone road (fiz questão de procurar no mapa agora e veio toda uma série de lembranças) por onde caminhei e onde tem a estação de metrô Baker Street. Recordo que ventava muito, os jornais voavam próximo a uma lixeira e o tempo anunciava chuva. Dali, pegaria um ônibus para um citytour pela cidade. No ônibus, haviam senhoras de idade, gordas, negras. Pelo vidro, uma série de pontos turísticos - pontes famosas, contruções célebres. O motorista tinha uma voz engraçada... dessas de narrador-personagem da Disney. Ele fazia a narração dos locais por onde passávamos, para qual pouco prestei atenção. Lembro das passagens por outros lugares, mas tudo me veio agora pela ventania da espera no ponto de ônibus, perto da estação Baker Street.
Vô fazê o arroz
Mode a gente cumê
Mode a gente se enchê

Vô fazê o feijão
Mode a gente fartá
E pedir vatapá

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cosmopolitismos

O Rio é a cidade mais cosmopolita que já habitei. E me dou cada vez mais conta disso pelas conversas com cariocas, baianos, suecos, cearenses, paulistas, alemães, maranhenses, franceses, pernambucanos, gaúchos, mineiros etc. Há quem não queira enxergar o quão múltiplo e brasileiro esse lugar é. No fundo existe aquele velho apelo ao que é de fora, ao que é do "primeiro mundo".

É que, no Rio, existe aquele fenômeno dos apartamentos, como em qualquer outra metrópole. Deles, se não quisermos sair, pouca diferença faz o lado de fora, as possibilidades que se lançam no embate com outros. É até curioso perceber esse fenômeno do "particularismo" cujas consequências tomam conta dos discursos. Difícil cosmopolitizar o discurso quando não se cria vínculos com o que se tem ao descer do prédio.

Faz quase dois anos que moro aqui e ainda me sinto uma neófita nessa cidade. Tantos sãos seus estímulos, suas manifestações culturais, seus espaços a conhecer, suas entranhas, suas artérias das quais, aos poucos, usufruo. É muito Rio a conhecer antes mesmo de habitar um país lá fora. Aliás, se o nosso habitar aqui dentro se esforçasse mais em ver o que se expande de nós para fora, poderia ser muito mais proveitoso do que alimentar o discurso do "morar lá fora". Cosmopolitizemo-nos sem essa premissa de que o Brasil é o fim do mundo. Mundo é o que fazemos dele para além de nossos apartamentos.

domingo, 27 de novembro de 2011

Encontrar baianos fora da Bahia e sem ser no carnaval tem seus bons frutos.

sábado, 19 de novembro de 2011

Preciso dizer que fico muito muito muito acanhada em receber elogios. É como se eles nunca tivessem sendo dirigidos a mim, mas a outra pessoa que não corresponde a mim, mas usa meu corpo e meu nome para sê-la. Aí preciso ser a mediadora dos elogios porque eu, que sou eu, quando recebo algum, rio desconcertada e olho um pouco para o lado, como se repassasse o elogio para o invisível.

No meio acadêmico, principalmente, começamos a adquirir certos "carimbos" com os quais nos identificam. "Ah, ouvi falar que escreve bem" ou "Ah, fiquei interessada na sua pesquisa porque eu também me interesso pelo seu tema"... ou ainda "Ah, lembrei de você pois vi algo que pode te interessar". Ok, lembranças são bem vindas. O problema são os embaraços que elas provocam. O que realmente estou pesquisando? Que densidade acadêmica estou construindo? Que pensamentos saem do meu texto pelos quais quero ser lembrada? O que vêem no meu texto faz parte do que identifico de bom nele?

Percebo que estou num lugar no qual tenho uma grande interlocução e onde construiria, talvez, uma imagem intelectual da qual me aproximaria mais e até me faria fundir àquela que recebe os elogios. O que sinto, no entanto, é que ainda repasso toda a apreciação que me é destinada àquela que está às minhas costas.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Quando se digita, a solidão parece que fica mais leve". Li essa frase numa entrevista com Fausto Fawcett, o homem que escreve sobre Copacabana. A frase, por sinal, faz todo o sentido no tempo em que as teclas e telas acalentam os solitários.

Curiosamente, afetada por um efeito de resistência, escrevi um pequeno postal esses dias e mandei a uma pessoa querida. Tinta, caligrafia, inclinações e pequenos borrões foram enviados para longe, justamente como forma de tornar mais acolhedoras as palavras e uma série de sentimentos. As letras ao padrão da mão e as expressões afetivas no traço da caneta pretendem, ainda que não obtenham sucesso, guardar alguma reverberação do momento da escrita.

O destinatário da palavra escrita é alvo de um exercício sofisticado de sentidos: manusear o objeto escrito, entrar no ritmo irregular das letras, pôr a locução do escritor em off - como se percebesse cada vírgula como uma respiração característica dele, ler as entrelinhas possíveis.

É no engano ou na lucidez de meus próprios sentidos que esse rebater de ideias quer aqui ser ouvido.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um dia, um amigo leu num livro que meu dia de nascimento era o dia do mensageiro. Num dia muito importante para ele, eu lhe dei uma ótima notícia. Notícia que mudou a sua vida.
No momento, realizo mais uma vez a missão de mensageira. Desejando que ela mude vidas também.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Em que unidade você pensa o tempo?
Páginas lidas
Textos escritos
Salários recebidos
Diplomas conquistados
Línguas faladas
Conversas tidas
Alegrias vividas
Tristezas sofridas
Cabelos brancos
Pessoas amadas
Lugares conhecidos
Imagens registradas
Velas apagadas
?

O tempo não mede sua própria mensura.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

No fundo sou igual aos outros, bem igualzinha aos outros. Busco sensações parecidas, tenho ilusões e sentimentos semelhantes, altos e baixos de qualquer existência humana.

É carne.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Voltar pra casa exige um equilíbrio enorme: pra não parecer muito adulto, pra não parecer inquieto, desambientado; pra ver o que permanece numa velocidade ambiente e que, talvez, corra atrás ou à frente da sua; pra aproveitar as pessoas com a qualidade que elas merecem; pra botar ordem em tudo o que está esperando por você e tudo o que continuará esperando, seja em matéria ou em sentimentos; pra encarar sua divisão em vários - o de antes, o de agora, o de depois, o daqui, o de lá, o de não sei mais.
Vou pra encontrar também um pouco de calma, de deslocamento daqui e do agora. É como se tivesse fazendo a viagem pra serra de que tanto precisava nos últimos tempos. E lá ouvir mais sons de pássaro e menos sons de vizinho. Outro tempo, um break no mundo de expectativas que trago nas costas.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sobre as rotas

O taxista já traz tudo pronto. Os caminhos, as palavras ou os silêncios. As janelas abertas ou fechadas. A simpatia ou a cara sisuda.

O motorista de ônibus traz com ele um monte de gente. Traz barulhos de motor, movimentos bruscos, balanços de corpos. Propicia a diversidade.

O pedestre carrega consigo a velocidade própria. Passos lentos ou acelerados. O seu mundo e todo o seu redor. Ele escolhe a própria rota.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bença, pai. Bença, mãe.

Há idiossincrasias embutidas nas "bênçãos" que peço. Pedir a "bença" é como um beijo na testa que recebo, beijo de proteção. Recebi isso durante toda a minha vida, ainda que pedir, às vezes, fosse uma obrigação que fazia à contragosto.

Mas pensando no sentido que carrego disso, tenho boas lembranças. Quando minha vó e minha tia chegavam lá em casa, não existia "oi". Era: "bença, vó? Bença, tia?". E as vozes lindas delas dizendo "Deus te abençoe, minha fia" até hoje ecoam dentro de mim com um bem-querer tão grande...

Hoje falo com minha mãe ou com meu pai no celular e sinto essa proteção boa do beijo na testa. Só há bem na "bença" que recebo. "Bença" isenta de coisas ruins. Meu sobrinho beija a mão da minha mãe e do meu pai quando pede a "bença" a eles. Ele pode não ver nenhum sentido nisso, mas, quando presencio, consigo ver nos avós todo o carinho sendo ali colocado. É disso que falo, de um sentimento ali entregue num simples ato.

Para além do religioso, a "bença" é bênção. Bem estou quando ela recebo, quando dela me ergo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Se produzíssimos um efeito de borrado a cada hora que olhamos no relógio, qual hora do dia, para você, estaria mais indiscernível?
Olho as 14h (ou o seu quase) sendo marcada no relógio quase sempre. É uma hora de quebra, ruptura, que me faz pensar em todo o resto do meu dia. Olhar a marcação do relógio tem esse efeito de racionalidade, de indício do que se tem para fazer. Borro a cada dia às 14h.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Hoje vejo pessoas jovens já tão velhas... Cansadas e tão medrosas... Me assusto com isso.
Pessoas recheando seus corpos de medos, desconfianças, desconfortos, negativismos, precauções excessivas, comodismos. Há medo de suar, de borrar a maquiagem, de levar mochila nas costas, de sentir dor ao puxar uma mala pesada, de andar alguns quilômetros, de pegar um ônibus, de atravessar uma ponte, de queimar a pele no sol, de andar numa rua desconhecida, de falar outra língua, de cair no chão e não se levantar. Eu não nasci pra esses medos. Me sinto muito bem em vencer todos eles. Corpo é pra gastar, meus caros. Um dia a gente vai sentir saudade dele.

domingo, 25 de setembro de 2011

Multidão, anonimato, diversidade, decadência, antiguidade, sujeira, impureza, descompasso, caos, heterogeneidade, imagens, rastros, dejetos, fragmentos, desordem, deslocamentos, animais, ruas, passagens, estranhamento.
Nada está no seu lugar.
Viver. Preciso sentir a carne de mundo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Mais um dia cheio, mas com sopros para a tese. Papéis riscados, muitas ideias... Só preciso tomar um tempinho de distância para tentar entendê-las e ruminá-las melhor. O problema é que tempo não se tem.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Nessa vida toda, tive uma sorte imensa de encontrar pessoas certas em momentos cruciais. Encontrei amigas simples em um colégio de freiras super caxias e cheio de meninas classe média de nariz em pé; encontrei companheiros agradabilíssimos de farras de adolescência; encontrei amigos inleligentes que puderam me fazer enxergar um lado mais rico desse mundão; encontrei um namorado bacana num momento já maduro da vida; encontrei aqueles que estimularam o que em mim era uma chama apagada, encontrei pessoas generosíssimas que me ofereceram a mão quando muito precisei; encontrei pessoas com quem dividi morada que quero carregar para a vida toda; encontrei parcerias em estudos com as quais aprendi muito; encontrei companheiros sensíveis com os quais levava conversas de horas a fio sem nem sentir o peso do tempo; encontrei ombros em que chorei; encontrei sorrisos que me levantaram; encontrei força para estar onde estou; encontrei um pouco de mim em tudo isso. Sorte imensa.

domingo, 28 de agosto de 2011

Peixe
dentro carne branca
fora prata reluzente

lata de metal vagabundo
justo ali a caça
de tuas guelras

...

Praia
pessoas claras
mar escuro

cangas da China
Havaianas de borracha
domingo de soslaio

sábado, 27 de agosto de 2011

Todas as vezes que me fazem um convite e eu hesito entre ir ou não ir, fico cá com meus botões pensando que, se eu não for, quando receberei esse convite novamente?

Esses convites aparecem justamente para questionar o porquê de dizer não. E ao mesmo tempo, pensar no que pode ser feito hoje e não mais em outro momento. Nessas dúvidas assim, vem todo o sangue de ponderação do meu pai misturado com a impulsividade da minha mãe.

Por que ir? Por que não ir? Duelo!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

À despeito das frases de efeito que estão rondando no Facebook, coloco aqui a minha: eu não estou no Facebook e longe das frases de efeito.

Rs.

Aliás, por falar nisso, elas rendem um post. Não participo dessa rede social, mas tenho ideia das frases de "efeito" que participam dela. Efeito, curiosamente, é uma palavra que qualifica o termo "frase" de uma maneira bastante pejorativa, superficial. E não as condeno como forma de expressão. É do mundo das poucas palavras "com efeito" que se fala por meio das frases "de efeito". Elas se reproduzem nas redes como panfletos, cheios de merchand de si.

Há quem estude isso mais a fundo, mas, muitas vezes, as frases de "efeito" caem num vazio tão absurso que perdem qualquer reação ou impacto. Efeito sem efeito, poderíamos dizer assim. Bandeiras são hasteadas em frases que mais parecem publicidades em carteira de cigarro.

sábado, 13 de agosto de 2011

"Vamos poupar energia". Nunca mais tinha ouvido uma frase que resumisse tão bem como devo encarar minhas obrigações. Energia mental e neurônios precisam ser bem canalizados.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Tem coisas na vida que só se tem sabor uma única vez. Se repetir, estraga.
Às vezes a única coisa que queremos é que, com uma noite bem dormida, tudo acorde bem e resolvido. É pedir muito, né?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011



Retornar... sempre um mar de coisas a nos banhar
Revolta a água
Revolve os pensamentos

sábado, 30 de julho de 2011

Tenho orgulho das amizades que fiz, dos lugares que passei, das conquitas que comemorei.
O que mais me toca em tudo isso é que vejo a vida com esse plural. Plural que indica mais de um e não um só.
Por mais díspares que pessoas, lugares e conquistas sejam, elas só se sustentam nos afetos de umas nas outras dentro de mim. É a reunião fictícia que faço delas internamente.
...
É a variedade ou variação que entra em jogo. É como mudar de roupa por necessidade. É preciso sentir a diferença.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Cearensidades

- Caranguejo às quintas
- Praia do Futuro e banho de mar com água morna
- Campus do Pici/Unifor ao som de Legião Urbana
- Guaraná da Gorete incomparável
- Valter Di Lascio tirando xerox no Benfica
- Cantinho Acadêmico lotado
- Topic enlatando pessoas no pico das 18h
- Trem da Alegria na Beira-mar
- Obras, obras, desvios, desvios
- Cadê as árvores de Fortaleza?
- Meninas maquiadas e escovadas
- Avistar conhecidos nas esquinas
- Marcar e desmarcar encontros com amigos
- "Tapioca saborosa por apenas 1 real. Traga a vasilha"

sábado, 16 de julho de 2011


















É isso. Foi, como tinha de ser. Ao meu ver, no geral, foi bacana.
Mais uma página virada.
Feliz pelos viveram o momento junto comigo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Há coisas que só os olhos dizem.

Admiráveis são as pessoas que admiramos.

Sentir-se em casa não é da ordem do espaço físico. É da ordem de reconhecer-se no outro.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Às vezes me sinto uma grande idiota.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Definitivamente, há pessoas com a poderosa capacidade de te deixar no chão. É, no chão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Algumas, do Rio para cá

- Amo pegar o Real Alvorada para o aeroporto internacional. É uma recompensa pelo estresse de arrumar malas. Nele, a agitação dá lugar a uma calma, uma respiração tranquila. Ver o Rio pela janela, sem nenhum propósito, sem ter que aturar um taxista chato, é um presente impagável antes levantar voo. A cada vez que pego esse ônibus, o tempo que passo nele conforta minha alma. É um intervalo de tempo para pensar em tudo que eu queira, respirar fundo, sentada, confortavelmente, à companhia dos seus pensamentos e da cidade que passa na janela.

- Ver as cidades iluminadas lá de cima, do avião, me faz pensar em figuras que poderiam ser tatuadas no corpo. Cada forma bonita...

- Reconhecer a Lagoa, o Ginásio da Parangaba, as casinhas de Fortaleza perto de pousar é como adentrar em uma maquete do conhecido. A sensação de conhecer, lembrar, é tão boa como a de nada conhecer e querer explorar. Viajar é bom por isso. É colecionar pedacinhos do conhecido desse mundão afora que enxergamos lá de cima.

- Em casa, sou recebida com o carinho e atenção de sempre. Tenho pais maravilhosos, um quarto sempre arrumado e confortável para me receber. Sempre volto diferente, no entanto. Tenho me achado bem mais falante, por exemplo. Ao mesmo tempo, tento ver no que mudaram os que estão ao meu redor.

- Meu sobrinho, que fez ontem 7 anos, está cada vez mais esperto. É bom estar com ele, embora esteja revestido de alguns mimos e fique chato às vezes. É bacana vê-lo empregar o plural corretamente, saber que está, no sentido literal do termo, aprendendo. Além de, claro, continuar sendo uma criança muito divertida (quando quer).

- Algumas pessoas da família vêm me pedir dicas de viagem e falam sobre mim, meu livro etc. Eles me olham estranhos ao me ver tomando cerveja, ao mesmo tempo que eu mesma me estranho fazendo aquilo em família. É, eu tomo cerveja de vez em quando. No Rio também. Resolvi tomar ontem e ponto.

- Vejo meus pais com suas idiossincrasias - algumas aumentadas, outras inalteradas. Meu pai mais magro e paradão. Minha mãe, mais gorda, agitada como sempre. Sinto-os mais cansados ou, em alguns momentos, pouco preparados para algumas atividades. Fico preocupada em estar longe, pois, talvez, estando sempre aqui, poderia tomar algumas tarefas para mim ou dar mais conselhos em como melhor proceder em algumas coisas. Me preocupo com idas ao médico, alimentação, esforços físicos, dentre outros. Algumas coisas pouco poderiam mudar, mas sempre fico naquela eterna cobrança: preciso ajudá-los, quero vê-los bem.

- Vejo minha tia tristonha, chorosa, pela recente perda da minha vó. Tenho pena dela. Parece ainda mais frágil do que era. Ainda devo tomar coragem para entrar na casa dela e ver o espaço onde ficava a cama da minha vó vazio.

- Comi vatapá de camarão na casa da minha irmã. Enchi muita bola de aniversário, ajudei na decoração, tirei fotos. Estar em família tem dessas coisas, que só fazemos quando estamos ao lado.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Correr
Faz suar
Bagunçar o sangue
Cansar

Desafia os limites
Faz perder o fôlego
Gasta a gente

Lubrifica os ossos
Faz bem à alma

domingo, 19 de junho de 2011

Delay

Sinto-me cobrada por todos os lados. Inclusive por mim mesma. O que acontece quando cobranças me açoitam é que pareço não me mover. Ou, quando me movo, é como se descobrisse um prato para cobrir o outro. Não me dou muito bem com essas situações. Invento uma quinta ou sexta coisa para fazer que não seja do script.

Motivos de ordem pessoal perfuram suas atividades profissionais de tal forma que o retorno à normalidade cotidiana exige um esforço tremendo. A sensação é de delay. Pára tudo. Espera-se tudo. Ou não espera-se nada.

Semana parada para recomeçar na próxima. Será?

A viagem casa bem com essas situações. Marcada, se não quiser pagar mais para mudar, ela terá que acontecer. Ela impõe um limite, um prazo. Confio muito em prazo, data, pois ele não se move. E para que ele não nos pegue desprevinidos, precisamos nos mover. É sua lógica de funcionamento.

Tive conversas outro dia sobre os prazos que nos damos para planos. Ok, podemos dar prazos para tudo. Mas e para o que não está no script há prazo? Há limite para os desvios, as imprevisibilidades? Quando tudo está em delay, o que menos queremos é pensar no prazo. Queremos o prazer de não ter limite.

A carruagem anda, ora apressada, ora torta, ora lenta ou quase parada, até o ponto de chegada.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Medo de ir para Fortaleza

... e ver minha cidade abandonada
... e captar o desrespeito com seus cidadãos
... e entrar nos terminais que pararam no tempo
... e desviar as obras de um metrô que nunca se concluem
... e pisar na terra de descaso da Luizianne
... e entrar na maquinaria do mundinho Aldeota
... e me sentir num quadrado

Me queres de volta ou não, Fortaleza?
Enxota tuas mazelas!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Outro dia me falaram que estar na área de Comunicação torna nossa vida acadêmica mais divertida. Isso por quê? Porque nossos congressos nunca são enfadonhos, tem sempre alguém não deixando a gente dormir ao mostrar imagens ou mesmo ao falar bem, uma diversidade de temas sempre vai estar presente a ponto de você escolher se um interessa mais que outro, alguma afinidade sempre pode reinar na pluralidade em que se constitui nossa área.

Vou dar um exemplo. Meu namorado estuda mapas na internet. Eu estudo fotografia. Meu amigo estuda cinema. Com o primeiro, tenho afinidade quanto ao tema da cidade. Com o segundo, quanto ao tema da imagem. Isso nos rende parcerias e algumas trocas, o que torna a formação divertidíssima.

Amanhã vou ter que parar para ver filmes com o fim de escrever um artigo com o parceiro. Academizar fica até menos sério nesses moldes. Viva a Comunicação!

sábado, 28 de maio de 2011

Vomitara uma cor rubra, vinho, açaí....
Não reconhecera o que saía de sua boca
Por alguns intantes, pensara: o que está podre por dentro?

Não previra qualquer ânsia, náusea, enjoo
Tomara o ônibus em baixo de chuva de volta para casa
Bebera regada a taças, queijos e conversas

O amarelo do bar se transformara
Não mais a retidão das mesas e balcões
Mas o olhar turvo e desconexo do lugar

Às 5h e poucas, pelas ruas de Copacabana
Náusea e alívio mesclados
O ônibus levara o vinho e seu fétido rubor

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dois dias no Inhotim

Arte contemporânea, paisagismo, arquitetura são palavras que andam juntas no Inhotim (Centro de Arte Contemporânea em MG, no município de Brumadinho). O lugar é muito bonito, lúdico, com possibilidades de mergulho nas obras de artistas consagrados, assim como de refúgio dos ruídos que nos perseguem na cidade grande.

Fui sozinha para lá, em meio a um grupo de desconhecidos. Nunca mais tinha feito um passeio desses só, apenas com uma câmera à tiracolo. Foi bom por um lado e ruim por outro. Bom porque é sempre bom termos liberdade de fazer nosso próprio roteiro e ruim porque é legal conversar com alguém logo depois de experimentar um lugar como o Inhotim. São muitas expressões, sensações, desilusões, que as obras passam. Quando se sai de cada galeria, damos de cara com um jardim belíssimo ou uma paisagem maravilhosa, que, muitas vezes, nos leva para longe da obra e para perto de uma contemplação da natureza. Imergi nas obras e galerias que permitiram isso. Outras, levaram-me para fora em questão de minutos.

Valeu à pena, apesar de tudo, pois pude ficar sozinha entre os prazeres e as farpas do ambiente. A interdição de não fotografar nas galerias, que, mesmo com a câmera fechada, fazia com que monitores me perseguissem, não existia nas obras a céu aberto. Sentia-me mais leve para chegar em algumas delas e arriscar até autorretratos (coisa que nunca mais tinha feito). Nesses momentos é que pude perceber que, na ausência de companhia, inventamos uma para nós mesmos.

Beam Drop Inhotim, Chris Burden, 2008
Clique aqui e veja o processo

domingo, 15 de maio de 2011

Adoro domingos. J'adore dimanches.

Domingos têm uma cor diferente. Parece que o sol te acorda sorrindo: e aí, vai ficar aí parado e dispensar essa energia que tô te dando? Depois que fico de pé, minha mente, depois do café de domingo, fica um frescor só: acelerada, cheia de ideias, vontade de estudar, de arrumar a casa, de produzir tudo o que não deu vontade na semana toda até sábado. Sair, aos domingos, só se for aquela programação imperdível ou leve, ao lado de alguém leve também. Porque domingo dura pouco e não merece ser disperdiçado. Domingo é dia de riscar checklists. Há muito o que fazer com os raios de energia que esse dia emana, apesar de, no final do dia, você ficar pensativo sobre o que deixou de fazer.

Todo o brilho desse dia se esvai depois das 18h. É hora que o sol te dá tchau e diz: babe, amanhã é segunda! Tchauzinho.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Questão de ordem é pensar tudo por etapas. Não dá pra pensar tudo ao mesmo mesmo tempo e agora e ainda querer se sair bem da confusão.

Os post-its na parede me alertam, utilmente, de que tenho a conta da segunda pra pagar antes de pensar no que vai dar a minha tese. Assim como emails me advertem de que tenho que respondê-los antes de se empilharem em cima dos textos e livros pra ler.

Planos pro próximo ano teimam em me colocar contra a parede. Há uma checklist de coisas menores, porém, pra dar conta antes de tentar resolvê-los. Eita nós!

terça-feira, 10 de maio de 2011

A força (ou lei) da atração

Está acontecendo um movimento curioso nos próximos dias. Pessoas do Ceará, há um tempo conhecidas, voltam a se reencontrar, morando no mesmo lugar, pelas bandas de cá, no Rio, e pelas bandas de lá, na Bahia. Precisar os motivos desse reencontro, em novas circunstâncias, não seria matemático. Toda uma história levou a esse fenômeno.

Um pensamento, por outro lado, leva a crer que vínculos outrora estabelecidos querem ter uma nova chance, exigem um outro fôlego. Sim, porque há anos atrás, lá no Ceará, éramos aqueles estudantes ainda sem tantos horizontes e com uma coragem ainda desconhecida. Hoje, vamos nos reencontrar para um novo jogo, com possibilidades de coroar damas que não se fizeram naquele tempo.

Acredito que só tornamos a ver pessoas que queremos bem. Querer bem é uma força de atração: se estimo alguém, esse alguém sentirá em mim algum sentimento bom, que fará com que exista entre nós uma boa troca, rendendo uma procura mútua pela presença um do outro. Sim, porque não é só o amor que atrai. Parceria, confiança, afinidade e trocas cultivam a atração.

Por isso, conterrâneo(a), não é a terra que nascemos que nos ligará novamente, mas a dinâmica de nossas boas relações iniciadas e bem guardadas. Assim sendo, conte comigo e sinta-se em casa.

domingo, 8 de maio de 2011

Memória musical

Principalmente aos domingos, cresci ouvindo música em casa. Meu pai que cuidava da discotecagem, em meio ao seu mundo de LPs. Sons que fazem parte do meu "acervo imaginário" herdado: Luiz Gonzaga, Agepê, Pinduca, Roberto Carlos, Noite Ilustrada, Ray Coniff, Noel Rosa, Roberta Miranda, Trio Irakitan, Martinho da Vila, Pixinguinha, Agnaldo Timóteo, muitos chorinhos, dentre outros.

Meu pai é daqueles que sempre gostou mais de ouvir. A música é dos seus prazeres mais característicos apesar de não tocar nenhum instrumento. E o clima das suas escolhas reverbera até hoje nos estalos da memória, levando-me sempre à atmosfera do meu lar cearense.

Domingo, dia das mães, ouvindo Pinduca.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Outro dia me perguntaram se era ariana (do signo de áries). Ora, ora, ora. Até que me identifico com algumas características do signo: praticidade, obstinação, confiança, dentre outras. Será que passei isso para essa pessoa ou passei outras coisas com as quais não me identifico? Agressão, impulsividade, despotismo?

Consulto sites de astrologias para tirar essas dúvidas. É interessante brincar de interpretar as pessoas pelos signos. Mas, claro, signos não são caixas que modulam personalidades. Determinismo astrológico não pode engessar a maior característica do ser humano: a mudança. E se pudéssemos assumir um signo por dia? Ou inventar mais e mais além dos doze que o zodíaco propõe?

Posso ter demonstrado um veia "ariana" naquele dia para uma pessoa. Mas para outra, posso ter sido uma exímia "libriana" ou "pisciana". Sei lá o que demonstrei para o mundo. O que interessa é que, se erram meu signo, é sinal de que não sou tão óbvia assim.
Amizade acontece. Não adianta forçar. Curiosamente, quando olho meu perfil de amigos, todos eles exercem papéis diferentes para mim, ou, em outras palavras, trazem à tona diferentes Elanes só existentes em suas presenças. Em todos, admiro alguma coisa: um jeito, um sorriso, uma habilidade, uma brincadeira, um abraço, dentre outras. Nenhum deles é completamente extrovertidos. De algum modo, há alguma reserva em cada um com a qual me identifico também.

Sair de casa foi decisivo para aprender a me virar melhor e, com isso, falar mais também. Falar, entretanto, não é uma necessidade perene. Só solto o verbo com alguém quando realmente me sinto bem para isso. Poderia medir esse grau de envolvimento em uma amizade pela quantidade/qualidade daquilo que falo. Uma vez reparei nisso. Falo mais e levo conversas de horas com quem me sinto melhor, segura e mais acolhida. Da mesma forma, um sinal de que o outro me conforta é quando ele não se incomoda com o meu silêncio e também eu com o dele.

Ainda bem, que para além de todo ego presente na academia e toda a novidade do contexto carioca, consigo ter amigos. Aqueles que podem falar e silenciar, também me fazendo silenciar e falar. Não adianta forçar. Amizade acontece.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Rotina

Já me falaram que é necessário ter rotina para sobreviver. E realmente, é. Os compromissos exercem sobre nós uma força seminal, já que, em função deles, aprendemos a ter prioridades, dividir o tempo, valorirar o tempo livre etc. Eles são professores que nos cobram todos os dias.

Por outro lado, a esperteza seria aliar rotina ao prazer, o que é bem difícil. Tenho o sentimento de que é facílimo os dias parecerem duros, maçantes, repetitivos. O segredo de encontrar prazer na repetição é que é complicado de desvendar. Até para isso, precisamos de algo que nos coloque para frente, bata em nossa cara e diga: vamos, ande e faça algo de diferente!

Sinto falta de fazer com os dias o que os montadores fazem com os filmes: tirar essa cena daqui e colocar no final, inserir aquele momento do meio no começo, expandir a duração de alguns acontecimentos, dentre outras falcatruas. A sequência inevitável do mundo "real" - do nascer ao pôr-do-sol, da segunda à sexta, do café ao jantar, por muitas vezes, leva-me a desejar escapar da sua rigidez e fazer tudo diferente, jogando a prova e a aula que tenho amanhã pelos ares. Meu lado racional, entretanto, entra em ação e diz: aquieta o facho!

domingo, 24 de abril de 2011

Pós-viagem...

Sei lá por que me bateu uma saudade enorme. Do que deixei, de todos os afetos, de abraço, de família, de lugares, de ares respirados. É como se tivesse sofrido um corte umbilical com um manancial de sentimentos bons. Resultado? Fossa.

Enraizar-se e não sentir a dor da saudade ou senti-la ao sair de perto das suas raízes na tentativa de encontrar possíveis outras? Nesse momento de fossa, reina na mente a pergunta: por que escolhi sair? Não teria uma opção menos conflitante?

Toda sua vida é posta em jogo: crenças, opções, planos, satisfações, abstinências, obrigações, valores, prazeres etc etc. Como a fossa tem água escura e turva, só vejo refletidas coisas negativas: tristeza, insatisfações, tormentos... Sentimento de que a escolha que fiz é errada e não se é feliz. A felicidade foi deixada para trás e é preciso dar a ré, tentando viver tudo de novo em câmera lenta, durando mais e mais.

Sede de vida, amor e abraço.

sábado, 2 de abril de 2011

Mães são (quase) todas iguais

Quando vejo uma mãe parecida com a minha, é como se ela tivesse do meu lado: com as mesmas preocupações, com as mesmas atitudes, com o vocabulário muito parecido, um amor e proteção incontestáveis pela prole. É tão prazeroso para elas ver os filhos bem que não se mede esforços em ajudá-los, afagá-los, agradá-los (até quando alguns filhos nem merecem). O sentimento materno é tão nobre que pode expandir sua atuação até mesmo com quem nem saiu do seu ventre.

Penso na minha mãe como o modelo de mãe. Tanto, que quando vejo mães que não parecem com a minha estranho um bocado... É como se agredissem e derrubassem toda a redoma de significados que minha mãe construiu para mim. Valores, cuidados, lições de moral, histórias... Tudo o que muitas vezes pode parecer excesso é, para os que não tem uma mãe com M maiúsculo, motivo de carência, decepção. Existem Mães e mães: as mães como a Minha e as mães que não fazem questão de exercer a maternidade, que não se resume ao ato de dar à luz, mas ao afeto, sentimento que independe de uma gestação no ventre.

Já tive uma tia que era como mãe para mim e ela nunca teve filhos. Veja só onde chega o sentimento maternal? Ser materno é ter o coração grande, querer ajudar, pensar no filho como alguém merecedor da sua atenção, do seu amor. "Mãe é bicho besta", minha mãe sempre fala. Acredito tanto nessa frase a ponto de estranhar todas as mães que não comportam nela. Posso afirmar que muitas mães passam longe da minha quando o assunto é sentimento materno, porém, não posso negar que, como a Minha, existem várias, com a mesma corujisse e bravura quando o assunto é seus filhos. Vejo minha mãe nessas mães e o sentimento é tão bom que o Ceará fica mais perto de mim.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Sobre estabilidade etc.

Refletindo sobre a opção de uma amiga de não querer ter uma "vida estável" no momento, pego-me, agora, devaneando sobre a minha "estabilidade" e os meus desejos.
Não me considero muito ambiciosa, no sentido financeiro. Levo tranquilamente, no momento, uma vida de estudante e tenho problemas quando me perguntam o que quero fazer daqui a 2 anos, ou depois do doutorado, ou daqui para os 30 anos etc. Não sei. Tenho desejos que pairam, como nuvens sobre a cabeça, sem definições precisas. Meu desejo mais "estável" de todos é que, num futuro próximo ou longínquo, quero um puta emprego (federal, de preferência), para que satisfação e dinheiro não sejam problemas, mas, antes disso, quero fazer muita coisa que uma vida de "instabilidade" me favorece: viajar, botar mochila nas costas, aprender línguas, conhecer pessoas diferentes, lugares diferentes, trocar experiências, fazer laços etc.

A cidade onde estou agora tem me proporcionado muito dessas coisas, porém seria exagero dizer que dela não quero mais sair. A vida itinerante me atrai e, consequentemente, o desraizamento e o inusitado. Não sei a que veia desbravadora da família puxei, mas o fato é que necessito do "novo" e ele, nem sempre, é "estável". Também seria um excesso afirmar que sou uma porra-louca, que não planeja o próximo passo que dá, nem pensa nos outros à sua volta. Penso muito até. Não corto minhas asas, todavia. O grau de "estabilidade" que desgosto é o que nos impede de perseguir sonhos, grandes vontades. Uso o adjetivo "grandes" como forma de dizer que nem toda vontade precisa ser seguida, mas apenas aquelas que estão na espinha dorsal do que se quer da vida. Nesse sentido, considero que sou diferente das minhas amigas mais "porra-loucas". Me identifico com o que poderia chamar de "instável minimanente estável", que leva em consideração o como/o quê/o porquê. Elas desconsiderariam o "como" e o "porquê" facilmente em nome da emoção, do sentimento, do desejo simplesmente.

A "estabilidade", muitas vezes, pode ser pensada de uma forma menos exigente, sem prazo para acontecer, mas também sem o medo de que se tranforme em monotonia. O que me agrada na vida estudantil é poder estar realizando ela agora, em plena juventude, no vigor das virtualizações de futuro. Sem deixar de desejar "estabilidade" (aquela... sem data ainda para ocorrer), vou vivendo o "agora" do meu jeitinho.

sábado, 5 de março de 2011

A ti, que me fazes falta

Não, não me venhas falar sobre o porquê de não existires mais. Depois que fostes, fica tudo muito à mostra... lábios, maçãs do rosto, queixo... tudo parece falar mais do que deve. Lábio superior perde a carapuça, queixo perde a moldura, maçãs ficam sem casca. Em todos esses anos, sabias que me agradavas por demais. No entanto, trataste de dar-me adeus em um sábado comum, semana depois de ir dar-te um trato merecido na barbearia.

Não venhas, agora, exigir-te uma face madura, bem encorpada. Tua textura áspera e sedutora se rendeu à crueldade da lâmina. Não há mais nada que possas fazer, a não ser pedir que o tempo seja benevolente com tuas raízes e que te faça crescer rapidamente, de espinhos a pêlos robustos.

Espero que, em tua nova versão, querida barba, tu não percas teu lado sedutor, de falas recônditas. Renasças para ficar.

p.s.: nada como rememorar textos antigos. Escrito em 2007.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Comentários sobre a tal Lotus Flower do Radiohead

Quem me conhece sabe que levanto bandeira por poucas bandas. Em matéria de música, sou de lua: tem dia que gosto de ouvir essa, no outro aquela, no seguinte aquela outra. Música é completamente vinculada ao humor do momento. Confesso que, em alguns dias, gosto de ouvir sonoridades que me levem para lugares distantes e improváveis, que tocam no corpo e nos levam para fora dele. Nesse sentido, muito me agrada a pegada do Radiohead.

Fui conferir a nova "Lotus Flower" do Radiohead, de maneira cuidadosa, para que as opiniões não influenciassem minha fruição: primeiro ouvi o som, depois o clipe e depois alguma crítica que rolou na internet. Esse foi o meu método e o adotei porque já passei a odiar de cara um cd de uma banda de que gosto muito por ser erroneamente invadida pela reprodução ininterrupta de uma faixa. Dava náusea (e raiva) só de ouvir a voz da companheira de trabalho cantarolando.

Vamos por partes. O som de "Lotus Flower": não é a identidade que adotei para gostar no Radiohead. Não me parece ter intensidade, a dramaticidade que gosto como em "Street spirit" ou "Karma police" (o veelho Radiohead). Ela é "sem sal", como diria os hipertensos, e "sem pimenta", como diria os não-baianos. Certamente, depois que o cd for lançado, essa será uma das faixas puladas, pois ela não me faz decolar. A batidinha repetitiva que perdura no fundo não surpreende, não se transforma ou não é ferida por outra arrancada do som. O que a afeta são apenas as suas breves paradinhas ao longo da música. Senti falta de algo mais visceral.

O clipe: concordo com Jacaré (JACARÉ, 2011), ao dizer que Thom Yorke dramatiza bem os "movimentos intuitivos" da música. O resultado, porém, é estranho, parece que um santo baixa no cara... O vocalista tem toda liberdade para expressar o modo como sente o som, ao fazer o corpo mover-se aleatoriamente, mas não forçaria a barra dizendo que isso é bonito de ver. À excessão dos momentos de contraluz do início, que me lembrou MJ e também trouxe um ar de personagem misterioso. A fotografia, sim, é muito bonita. O preto e branco suaviza a imagem, não deixando a dança mais "estranha" ainda ao acompanharmos o clipe. Os melhores momentos são os de close, em que a barba (tentadora, diga-se de passagem) de Yorke toma o quadro. Uh!

Enfim, os que concordam que me citem e os que discordam que me rasguem.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Experimentando o gostinho de um dia com 25h. =)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Tornamo-nos mestres em coisas tão miúdas, que só como formigas seremos mestres em alguma coisa.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Escrevi o primeiro parágrafo. Pronto. Apertei o start, dei início. Não fosse as dores que me levam a esse começo, diria que ele me levaria longe. Mas começo e paro... digna de quem tem a intermitência de uma luz prestes a falhar pelo desejo de clarear outro lugar.

Ontem fiz uma sopa de feijão, numa parada entre uma coisa e outra. Dela muitos comeram e foi delicioso proporcionar isso. São pequenos prazeres que temos em momentos intermitentes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

"Copacabana tem muito de tudo", falou BBBial.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Tipos de turista

O que é diurno e só pára quando os pés cansam
O que é vespertino/noturno que só sai quando dorme bem
O que é econômico e é guiado pela relação custo/benefício
O que é esbanjador e não está nem aí para preço algum
O que é "bate-e-volta" que só se importa em ir aos pontos consagrados, bater uma foto e voltar
O que é comilão e só se satizfaz se voltar com a barriga cheia
O que é bebarrão e adora dar uma paradinha nos bares que encontra
O que é consumista e só vê sentido na viagem se fizer compras e mais compras
O que é comunicativo e faz amizade por onde passa
O que é explorador e tem sede de desbravar o que puder nos lugares
O que é medroso e não dá um só passo sem ter certeza de onde está pisando
O que é previnido e anda já com roteiros e mapas para não se perder
O que é impaciente e desiste fácil quando vê uma fila grande
O que é otimista e não vê tempo ruim mesmo com o céu cheio de nuvens carregadas
O que é pessimista e perpetua a frase célebre: "acho que não vai dar certo"
O que é deslocado e parece sempre "tacanho" e "estranho" nos lugares
O que é descolado e sempre dá um "jeitinho" de se dar bem nas adversidades
O que é igual a mim, uma mistura de alguns desses e nada de outros. Ainda acharei iguais ou muito parecidos.