domingo, 15 de julho de 2012

Além de carne e osso, eu sou um bicho cheio de palavras, sentimentos, pensamentos, que excedem o tecido epidérmico e explodem mundo afora.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um dia presentearam Joana com uma viagem.
Ela aceitou de bom grado, alegre e satisfeita. Não sabia, contudo, que estaria levando com ela um pequeno dispositivo que projetaria todas as imagens de suas itinerâncias para aqueles que a presentearam.

Joana foi, voltou e percebera um ar diferente quando falava de suas histórias de viagem. Sentia só a confirmação apática de tudo que dizia nos semblantes dos outros. Falou, falou e depois esimesmou-se. As imagens já haviam falado por ela.

Sem sentir o sabor de uma grande história para contar, ou de uma feição de aprovação de tudo aquilo que dizia, caiu numa depressão violenta. Televisão e computador eram suas únicas companhias.

Certo dia, à janela de seu quarto, Joana ouviu um canto de pássaro. Então percebera que o mundo já falava por si e que suas histórias pouco dariam conta daquela imensidão.


***

O que se passa é resumido da seguinte maneira: queremos, com palavras, dar formas às experiências que vivemos. O problema é que, por alto, podemos resumir o ato experimentar de dois modos: a) de um jeito puro, uma experiência de primeira mão e b) de um jeito intermediado, uma experiência de segunda mão.

As palavras de Joana não era senão uma interface para com o passado, e a interface é só isso, justamente uma face intermediária, um hub de vetores que tenta unir o inexperenciável com o parcialmente recontável. O erro de Joana foi querer ser imparcial e trazer, com seu ânimo pueril de quem retorna cheia de histórias, uma experiência de primeira mão impossível de acontecer - mesmo em si, porque a forma a), pura, não passa de um engodo fenomenológico. Joana teve de cair na própria ilusão - pela segunda vez, portanto - para perceber que a forma b), intermediada, também era impossível (o que nos leva uma espécia de vácuo ontológico em que nada, de fato, consegue escapar do ilusório). Na impossibilidade de reviver o sensível-não-sentido, calou-se ainda mais, e precisou aprender a reinventar, recontar, reapresentar.

Televisão e computador já não seriam mais companhia. Memórias e pensamentos, esses sim.

quinta-feira, 5 de julho de 2012


Como você consegue ser tão chata? - Me pergunte.
Por que você pergunta com tanta chatice? - Você consegue.