Trabalhos de fim de semestre: várias noites em claro.
Presentes de fim de ano: algumas duas centenas de reais.
Ver afago da vizinha no seu gatinho: não tem preço.
sábado, 18 de dezembro de 2010
domingo, 5 de dezembro de 2010
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
"Eu tenho a sensação de que tudo o que eu falo é desinteressante". Essa é uma das frases que, na academia, na atual conjuntura, faz muito sentido pra mim. Não vou expor a autoria, mas essas palavras sairiam também da minha boca por pensar da mesma maneira.
Ponderemos esse "tudo": ele se trata daquilo que produzimos enquanto conhecimento (enquanto "pesquisa" de utilidade pública) e que parece ser tão frágil - pra não dizer "óbvio" - a ponto de não estabelecer qualquer relação de empatia com os ouvintes/leitores/interessados.
"Desinteressante": esse adjetivo qualifica muito bem a nossa "cara de paspalho" ou "sorrisos amarelos" nos congressos ou exposições públicas das nossas produções. Será que aquela meia dúzia de ouvintes se interessa por isso? E aquela mulher lá atrás que me olha fransindo a testa? E a outra que me encara mascando chiclete e balança inquietantemente as pernas? Boring, so boring your speech.
Em pontuais situações, para nossa surpresa, conseguimos acalorar discussões bastante "interessantes" sobre nossa fala. Em outras, passamos despercebidos. Curioso é que, mesmo na possibilidade de vivenciar entusiasticamente nossas falas, a disposição pré-discurso é, na maior parte das vezes, bem pessimista. Isso é o que acontece comigo e com a autora da frase. Tenho fé, porém, que essa história mude.
Ponderemos esse "tudo": ele se trata daquilo que produzimos enquanto conhecimento (enquanto "pesquisa" de utilidade pública) e que parece ser tão frágil - pra não dizer "óbvio" - a ponto de não estabelecer qualquer relação de empatia com os ouvintes/leitores/interessados.
"Desinteressante": esse adjetivo qualifica muito bem a nossa "cara de paspalho" ou "sorrisos amarelos" nos congressos ou exposições públicas das nossas produções. Será que aquela meia dúzia de ouvintes se interessa por isso? E aquela mulher lá atrás que me olha fransindo a testa? E a outra que me encara mascando chiclete e balança inquietantemente as pernas? Boring, so boring your speech.
Em pontuais situações, para nossa surpresa, conseguimos acalorar discussões bastante "interessantes" sobre nossa fala. Em outras, passamos despercebidos. Curioso é que, mesmo na possibilidade de vivenciar entusiasticamente nossas falas, a disposição pré-discurso é, na maior parte das vezes, bem pessimista. Isso é o que acontece comigo e com a autora da frase. Tenho fé, porém, que essa história mude.
domingo, 28 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Vocês conhecem a história da Francis?
Francis era uma garota que fazia o que tinha que ser feito. Por muitas vezes, ela era incompreendida porque, quando um turbilhão de coisas acontecia, ela mantinha o equilíbrio e dizia: preciso continuar a fazer o que tem que ser feito.
Ela semeava, com certeza, um sentimento de racionalidade extrema. Mas, ao mesmo tempo, uma calma assustadora que poderia até ser confundida com indiferença. Francis era equilibrada, não perdia o fio da meada. Quando todos já não tinham como ou motivo para seguir adiante, ela se sentia na tarefa de continuar de onde se tinha parado e fazer o que tinha que ser feito.
No fundo, Francis era a personificação da obstinação e do desejo de dever cumprido. Por isso, unicamente por fazer o que tem que ser feito, Francis é o que temos e o que nos resta fazer.
homenagem a meu amigo Marcelo.
Francis era uma garota que fazia o que tinha que ser feito. Por muitas vezes, ela era incompreendida porque, quando um turbilhão de coisas acontecia, ela mantinha o equilíbrio e dizia: preciso continuar a fazer o que tem que ser feito.
Ela semeava, com certeza, um sentimento de racionalidade extrema. Mas, ao mesmo tempo, uma calma assustadora que poderia até ser confundida com indiferença. Francis era equilibrada, não perdia o fio da meada. Quando todos já não tinham como ou motivo para seguir adiante, ela se sentia na tarefa de continuar de onde se tinha parado e fazer o que tinha que ser feito.
No fundo, Francis era a personificação da obstinação e do desejo de dever cumprido. Por isso, unicamente por fazer o que tem que ser feito, Francis é o que temos e o que nos resta fazer.
homenagem a meu amigo Marcelo.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Depois de um congresso ciber de que participei, descobri que sou dromoinapta, soterrada pela avalanche de atualizações tecnológicas.
“dromoinapto”: aquele que não consegue seguir o ritmo veloz do ciberespaço, é rejeitado e morto posteriormente no simbólico. (Trivinho, 2007:72-107)
Ainda escreverei academicamente sobre isso antes de ser engolida.
“dromoinapto”: aquele que não consegue seguir o ritmo veloz do ciberespaço, é rejeitado e morto posteriormente no simbólico. (Trivinho, 2007:72-107)
Ainda escreverei academicamente sobre isso antes de ser engolida.
domingo, 7 de novembro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
"Máquinas fotográficas são como aspiradores de movimentos, sugadores de tempo".
"Sugados por suas fotografias, fotógrafos tornam-se, eles próprios, imagens: espectros digitais de si mesmos".
"O fotógrafo contemporâneo, o fotógrafo do futuro, é aquele que aprendeu a dispor barricadas de opacidade no percurso das imagens. É este que procura, de inúmeras e variadas maneiras, inscrever no corpo diáfano da nova imagem, as dores da sua própria virtualização".
M. Lissovsky.
"Sugados por suas fotografias, fotógrafos tornam-se, eles próprios, imagens: espectros digitais de si mesmos".
"O fotógrafo contemporâneo, o fotógrafo do futuro, é aquele que aprendeu a dispor barricadas de opacidade no percurso das imagens. É este que procura, de inúmeras e variadas maneiras, inscrever no corpo diáfano da nova imagem, as dores da sua própria virtualização".
M. Lissovsky.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Enquanto twitters e facebookers andam com a multidão ao seu lado, os orkuters já habitam uma terra primitiva, quase fossilizada. Tristonhos, os orkuters perderam a agilidade de responder aos scraps, de postar vídeos, de contar seus fãs e amigos. Agora são os followers que são contabilizados, num instinto quase que religioso - seja na frequência com que se faz a reza, seja na adoração aos discípulos.
Já que a onda é seguir, seguir e seguir, sigo minha intuição ao profetizar que o caixão ao qual se destina o Orkut será a todos destinado. E não vai ter mural que avise em tempo real.
Já que a onda é seguir, seguir e seguir, sigo minha intuição ao profetizar que o caixão ao qual se destina o Orkut será a todos destinado. E não vai ter mural que avise em tempo real.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
E a cidade selvagem, a que independe de mim, é esta.
- Me dá um real... Um... um real (de olho na bolsa).
- É pra sua passagem?
Diz sim com a cabeça, enquanto o outro faz a cobertura. Dou um punhado de moedas.
- A carteira?
- Chapa, não saquei dinheiro. Os bancos estão em greve. Não tenho não...
- A senhora mora aonde?
- Moro do outro lado, mas vou na praia. (O outro apressa).
- O aparelho? O aparelho?
Suspiro. Entrego o celular.
O outro apressa. Um cara fazendo cooper vem se aproximando.
- A carteira?
- Chapa, vou te dar o dinheiro, tá? (Tiro meus 80 e entrego).
Os dois saem correndo e vão se perder... nas entranhas da selva urbana carioca.
- Me dá um real... Um... um real (de olho na bolsa).
- É pra sua passagem?
Diz sim com a cabeça, enquanto o outro faz a cobertura. Dou um punhado de moedas.
- A carteira?
- Chapa, não saquei dinheiro. Os bancos estão em greve. Não tenho não...
- A senhora mora aonde?
- Moro do outro lado, mas vou na praia. (O outro apressa).
- O aparelho? O aparelho?
Suspiro. Entrego o celular.
O outro apressa. Um cara fazendo cooper vem se aproximando.
- A carteira?
- Chapa, vou te dar o dinheiro, tá? (Tiro meus 80 e entrego).
Os dois saem correndo e vão se perder... nas entranhas da selva urbana carioca.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
A cada cidade em que habito, sinto entranhar-me como raízes que se bifurcam ou veias que se dilatam. As raízes se fortificam ao passo que doo sentimento, mais que profissionalismo, até porque este morre sem coração. As veias que aqui pulsam começam a ganhar vigor e irrigar os lugares. Tenho amigos comigo. E são eles que me fazem crescer nessa cidade afetiva.
sábado, 2 de outubro de 2010
Passageiro
Pensar que o hoje só é até meia-noite
Prever que o estável é o mutável
Sentir que a vida é uma roda-gigante, com calafrios e alívios
Enquanto sentados, viajamos
Qual será a próxima parada?
Ou qual será a próximo destino?
Eu, eu mesma, nem sei
Estranho cotidiano que fica e nem diz quando e aonde vai
Pensar que o hoje só é até meia-noite
Prever que o estável é o mutável
Sentir que a vida é uma roda-gigante, com calafrios e alívios
Enquanto sentados, viajamos
Qual será a próxima parada?
Ou qual será a próximo destino?
Eu, eu mesma, nem sei
Estranho cotidiano que fica e nem diz quando e aonde vai
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Orientadores...
No fundo, quem não gosta daquele que desnorteia?
Que fala na sua cara que as perguntas não estão boas, que olha nos seus olhos fixamente e faz críticas construtivas, que lembra de detalhes do seu texto mesmo sem apontar para qualquer página sequer, que perde tempo pensando em indicações de referências bibliográficas.. Desorientar é tarefa do orientador?
Estou com várias pulgas desnorteantes atrás da orelha... desde que encontrei aquela que será a minha bússola, norteadora. E dando graças por estar perdida.
No fundo, quem não gosta daquele que desnorteia?
Que fala na sua cara que as perguntas não estão boas, que olha nos seus olhos fixamente e faz críticas construtivas, que lembra de detalhes do seu texto mesmo sem apontar para qualquer página sequer, que perde tempo pensando em indicações de referências bibliográficas.. Desorientar é tarefa do orientador?
Estou com várias pulgas desnorteantes atrás da orelha... desde que encontrei aquela que será a minha bússola, norteadora. E dando graças por estar perdida.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Antes um presente, agora presença
Ela vive agarrada em mim
Se não fosse tão liberta, diria-lhe para fugir
Vai sozinha, anda, caminha!
Minhas costas não são seu lugar ideal
Ela pesa, machuca, exige força
Mas não consigo dela largar
Ela guarda meus cheiros, meus valores, minhas vestes e tolices
Nosso caso já virou mais que amoroso
É libertinoso
Por mais que ela me maltrate e eu a trate mal
Adoramos aventuras
Sem questionar propostas, ela aceita todas
No ar, na terra, nosso lema é desbravar, arriscar
Lá vamos nós, eu e minha mochila
Ela vive agarrada em mim
Se não fosse tão liberta, diria-lhe para fugir
Vai sozinha, anda, caminha!
Minhas costas não são seu lugar ideal
Ela pesa, machuca, exige força
Mas não consigo dela largar
Ela guarda meus cheiros, meus valores, minhas vestes e tolices
Nosso caso já virou mais que amoroso
É libertinoso
Por mais que ela me maltrate e eu a trate mal
Adoramos aventuras
Sem questionar propostas, ela aceita todas
No ar, na terra, nosso lema é desbravar, arriscar
Lá vamos nós, eu e minha mochila
domingo, 5 de setembro de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Dizem que criei uma figura de linguagem (ou seria de estilo?). Só preciso dar um nome a ela.
Essa figura se caracteriza pelo uso, no texto, de expressões "quase sinônimas" ou "não sinônimas", separadas por vírgula e sem "e".
Exemplos: "Paulo Victor é bonito, belo, encantador". "A fotografia é um modelo mental de notar semelhanças, de interromper o continuum, de descontinuar evidências".
São quase a mesma coisa, com modificações tênues ou totais de sentido, que vão ganhando outras entonações, como numa declamação, num panegírico.
Alguém arrisca nomeá-la?
Essa figura se caracteriza pelo uso, no texto, de expressões "quase sinônimas" ou "não sinônimas", separadas por vírgula e sem "e".
Exemplos: "Paulo Victor é bonito, belo, encantador". "A fotografia é um modelo mental de notar semelhanças, de interromper o continuum, de descontinuar evidências".
São quase a mesma coisa, com modificações tênues ou totais de sentido, que vão ganhando outras entonações, como numa declamação, num panegírico.
Alguém arrisca nomeá-la?
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Sensação estranha a de saber que existe em você algo extranho. É como se esse saber fizesse ver um outro que, até então, era o mesmo. Um monte de interrogações vagam, incomodam, fazem o sono atrasar, sobre esse esxtranho que agora é presente. Ele começa a pesar, a roubar minha atenção, até que eu consiga dormir... e acordar.
domingo, 18 de julho de 2010
As peças de teatro me instigam. O nome InCerto me atraiu e fui lá conferir. Expectativas grandes. Muitas delas frustradas. InCerto demais. Erraram na mão. Teatro que fala de teatro, atores que falam de si mesmos. Gostei de alguns, não gostei de outros. Incompletude. Não achei o espetáculo redondo. Se o propósito era a média, minha nota foi 7. Lesados ainda lidera o ranking, na minha opinião.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
quinta-feira, 8 de julho de 2010
quinta-feira, 1 de julho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
terça-feira, 15 de junho de 2010
quinta-feira, 10 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Salvador...
Salvador está para o Ilê Aiyê, assim como Recife está para o frevo.
Salvador está para o acarajé, assim como suas ruas estão para a cannabis.
Salvador está para os baianos despreocupados, assim como suas ladeiras estão para os ônibus desvairados.
Salvador está para os estudantes da UFBA, assim como os brancos estão para os negros.
Salvador está para os turistas, assim como o seu sol está para a baía de todos os santos.
Salvador está para os postes pontuais, assim como está sua vida para os namorados.
Salvador está para os prédios arruinados, assim como seu povo está para si próprio.
Salvador está assim, deixa estar.
Salvador está para o acarajé, assim como suas ruas estão para a cannabis.
Salvador está para os baianos despreocupados, assim como suas ladeiras estão para os ônibus desvairados.
Salvador está para os estudantes da UFBA, assim como os brancos estão para os negros.
Salvador está para os turistas, assim como o seu sol está para a baía de todos os santos.
Salvador está para os postes pontuais, assim como está sua vida para os namorados.
Salvador está para os prédios arruinados, assim como seu povo está para si próprio.
Salvador está assim, deixa estar.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
terça-feira, 1 de junho de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
Arde
Como fogo, o texto
Clama e inflama
Chama e apaga
É instável
Se instala e impregna
Esfria, se distancia
Olho e fecho
Faísca, chispa
Medo
Cresce, aquece
Largo no ato
Evanesce
Clama e inflama
Chama e apaga
É instável
Se instala e impregna
Esfria, se distancia
Olho e fecho
Faísca, chispa
Medo
Cresce, aquece
Largo no ato
Evanesce
sábado, 29 de maio de 2010
Se o dia tivesse 48h...
Mais tempo para produzir
Mais tempo para dormir
Mais tempo para perder
Mais tempo para envelhecer
Mais tempo para se divertir
Mais tempo para decidir
Mais tempo para viajar
Mais tempo para postar
Mais tempo para dormir
Mais tempo para perder
Mais tempo para envelhecer
Mais tempo para se divertir
Mais tempo para decidir
Mais tempo para viajar
Mais tempo para postar
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Humm...
Do Pilão ao Colombo
Do Santa Clara ao Maratá
Sua embalagem se desfaz
No cheiro que deixa no ar
Enquanto a água ferve
Os neurônios se irrigam
No vapor, no pó, no grão
Os pensamentos multiplicam
Minha mãe gosta do preto
Meu amigo, do torrado
Penso e logo comparo
Café é que nem namorado
P.S.: Hoje é o dia mundial do café. E tin-tin a neguim e eu e à sócia mestra pelo 24!
Do Santa Clara ao Maratá
Sua embalagem se desfaz
No cheiro que deixa no ar
Enquanto a água ferve
Os neurônios se irrigam
No vapor, no pó, no grão
Os pensamentos multiplicam
Minha mãe gosta do preto
Meu amigo, do torrado
Penso e logo comparo
Café é que nem namorado
P.S.: Hoje é o dia mundial do café. E tin-tin a neguim e eu e à sócia mestra pelo 24!
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Conhecer um lugar com uma câmera em punho é uma experiência completamente distinta da de conhecer com olhos livres. Já havia pensado sobre isso quando saía para fotografar. É uma ação que demanda sensibilidade, criatividade, disposição, prontidão. Se não há essas condições favoráveis, simplesmente saímos, sensíveis talvez a outras coisas que não estarão no ato de clicar, já que as imagens passarão por nós, instantaneamente, sem registro (quem sabe apenas na atividade mnemônica), sem medo de serem flagradas por nosso trabalho de fisgá-las. Saímos para fotografar e saímos para não fotografar. Fui tocada por este depoimento:
Todo mundo está trocando, capturando, gravando e arquivando imagens. Mas, quando vou a algum lugar hoje em dia, raramente levo uma câmera. É um jeito de não ter alguma coisa entre o mundo e eu. Talvez seja uma forma de preservar um espaço para memórias e experiências que não estão presas ao plano da imagem – nem retocadas ou recortadas. (Garry Hill, videoartista, em entrevista a Trópico).
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Das obrigações intermináveis
Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu deslocado/a em uma conversa sobre algum livro que não tenha lido. Inúmeras vezes já passei por isso. E nesse fim de semana, tive contato com o livro do professor de Literatura na França, Pierre Bayard, que compartilha publicamente essa angústia da "não-leitura" com todos nós, eternos devedores de leituras. O livro é "genial", como falou o cara que me apresentou a Bayard. Somos obrigados a termos lido tudo, quando, de fato, ninguém leu tudo e nunca vai ler! Atuamos, em nossas vidas acadêmicas ou de leitores cotidianos, em uma parcela ínfima de tudo que já foi publicado e devemos aprender a lidar com essa sensação de incompletude "intelectual" pelo resto de nossas vidas. Bayard constrói uma crítica pertinentíssima à interdição do assunto da "não-leitura" ao mesmo tempo que confessa suas próprias experiências de leituras não realizadas. Essa ideia caiu como uma luva à minha crise atual. Sinto-me afogada por leituras obrigatórias e "em atraso". E o que Bayard nos ensina é como aprender a falar de livros mesmo tendo só os folheado ou lido apenas algumas de suas passagens, importando, acima de tudo, as relações que fazemos entre determinado livro e outros que conhecemos. Trata-se da nossa realação pessoal com a leitura. Qual o valor de determinada leitura se dela não posso estabelecer conexões com o mundo fora dela? Nem precisei terminar (ainda) o livro de Bayard para dele viajar em ligações com Benjamin, Foucault, o ato de ensinar, de pesquisar, de criar. Somos seres que criamos, para além de qualquer livro, podendo conversar apaixonadamente sobre ele e nossas vidas em nossas salas de estar. Dentre os incontáveis clássicos, estamos nós, criativos não-leitores, potenciais Bayards.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Quem é você?
Estar em um lugar onde ninguém conhece você e onde você vai começar a fazer com que as pessoas construam conceitos sobre sua índole, sua personalidade, sua capacidade etc, é muito excitante. É dar a cara à tapa, é brincar de ser corajoso, de arriscar. É ser uma folha de papel em branco a ser escrita. É uma dica de vida. Sempre respire ares diferentes.
Eu e os gatos
Aprendemos muito com os gatos. Sobre paciência, observação, cálculo, agilidade (apesar também, de sua extrema indolência). Diria que eles também ensinam sobre o que é carinho e sobre o que é a falta de carinho. Quando ariscos, eles pedem distância. Quando carentes, envolvem a gente de uma maneira que só Punk faz. Saudade dela. Mato a saudade com outros gatos que vejo por aí, na ECO e nas ruas. O pesar é o sentimento de pena que só aumenta ao ver alguns famintos, abandonados. Embora perceba que na faculdade eles me parecem ser bem alimentados (ao contrário da privação que se impunha na Unifor). Enfim, os gatos me paralisam, jogam feitiço em mim. Tentar fotografá-los é difícil pois eles não se rendem assim tão facilmente. Eles que me fotografam muito melhor.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
PDFs, Words e afins
Estudante lisa sofre. Não bastasse a desconcentração constante nos estudos ocasionada pelo esvaziamento de sua poupança e pela espera de uma bolsa de estudos que não sai, muitas leituras (de livros, inclusive) dependem de PDFs ou aquivos .doc enviados pelos professores que, claro, não serão impressos por quem não têm dinheiro, como yo. Lá vai mais uma noite adentro com a vista doendo diante da tela, tentando ler infinitas páginas. Dessa vez, entretanto, a vista pediu descanso. É, ela não tem culpa da miséria estudantil. A opção dos arquivos digitais são ótimas, confesso. São mais "democráticas". Mas acho que o papel ainda é incomparável, principalmente, para quem gosta de grifar, riscar, anotar. Estava no ônibus outro dia pensando em como seria prático possuir um leitor portátil digital para ler livros aonde quer que fôssemos. Carregar mil PDFs dentro da bolsa e ler à vontade, já pensou? Experiência bem diversa do papel, mas, talvez, mais cômoda. Bateu aquela vontade súbita de possuir a coisa só por um instante, naquele ônibus. A racionalidade me puxou para o chão, porém. E aterrisei: continuo uma estudante lisa, sem papel e sem portabilidade. Coisas da vida...
domingo, 2 de maio de 2010
A culpa é dos Beatles!
A professora de Francês concluiu isso quanto ao possível domínio da língua inglesa na preferência dos estudantes. Chocante? Talvez, até a explicação mais prolongada de sua frase. Ela acredita que não está vinculada ao apelo comercial a opção por aprender Inglês. Foi com a explosão do movimento hyppie, da beatlemania, da efeverscência cultural aí instaurada que o Inglês tomou força. Desde então o Francês sofreu uma queda de adeptos, inclusive no meio universitário. Contudo, a simpatia dedicada à língua francesa, segundo à Capes e seus números de bolsistas enviados ao exterior, a maior parte dos estudiosos estão indo para França e, não, para os EUA ou Inglaterra. A professora diz que há aí uma retomada do Francês e um declício do Inglês. Difícil concordar com tudo o que ela falou, até porque acho que o Inglês está longe de uma crise. No entanto, o fato de atribuir a preferência de uma língua a um uso social e não comercial me chamou atenção. A culpa é dos Beatles ou não é?
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Sobre morte e vida
"Não há morte no ciberespaço", afirmou na aula de hoje a professora Ieda Tucherman. Talvez essa seja uma boa tacada para recomeçar um blog que estava moribundo desde 2003. Rs... Mas voltando à frase da Ieda e ao seu raciocínio, a experiência ligada a uma "intensidade de risco" é praticamente inexistente no espaço virtual. Por quê? Ela deu alguns exemplos, como: não quero ter o risco de me perder em um lugar que nunca fui, vou ao Google Maps e localizo um endereço antes de sair de casa; não quero ser assaltada ao ir comprar um ingresso para um show, compro pela internet. Achei muito curiosa essa observação, uma vez que o espaço físico nos coloca, de fato, limites, riscos que não existem no espaço digital. E sendo a experiência ligada a um modo de sofrer um movimento, de recortar o espaço e o tempo, ou, em outras palavras, ao modo de um corpo agir e padecer, inscrevendo-se como movimento social, a digitalização do espaço separa o corpo da sua imagem e cinde a matéria da forma. Ieda pontuou: "o digital é forma". Disso podemos apreender que, se, no digital, estamos sempre vivos, já que não há a factualidade, os riscos que provêm do espaço físico, somos hoje muito mais imagens do que corpo-matéria. O suporte tecnológico se torna condição de experiência, sem medo da morte. Mantenhamo-nos vivos, então.
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