domingo, 30 de maio de 2010

Arde

Como fogo, o texto
Clama e inflama
Chama e apaga

É instável
Se instala e impregna
Esfria, se distancia

Olho e fecho
Faísca, chispa
Medo

Cresce, aquece
Largo no ato
Evanesce

sábado, 29 de maio de 2010

Se o dia tivesse 48h...

Mais tempo para produzir

Mais tempo para dormir

Mais tempo para perder

Mais tempo para envelhecer

Mais tempo para se divertir

Mais tempo para decidir

Mais tempo para viajar

Mais tempo para postar

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Humm...

Do Pilão ao Colombo
Do Santa Clara ao Maratá
Sua embalagem se desfaz
No cheiro que deixa no ar

Enquanto a água ferve
Os neurônios se irrigam
No vapor, no pó, no grão
Os pensamentos multiplicam

Minha mãe gosta do preto
Meu amigo, do torrado
Penso e logo comparo
Café é que nem namorado

P.S.: Hoje é o dia mundial do café. E tin-tin a neguim e eu e à sócia mestra pelo 24!

quinta-feira, 20 de maio de 2010


Conhecer um lugar com uma câmera em punho é uma experiência completamente distinta da de conhecer com olhos livres. Já havia pensado sobre isso quando saía para fotografar. É uma ação que demanda sensibilidade, criatividade, disposição, prontidão. Se não há essas condições favoráveis, simplesmente saímos, sensíveis talvez a outras coisas que não estarão no ato de clicar, já que as imagens passarão por nós, instantaneamente, sem registro (quem sabe apenas na atividade mnemônica), sem medo de serem flagradas por nosso trabalho de fisgá-las. Saímos para fotografar e saímos para não fotografar. Fui tocada por este depoimento:

Todo mundo está trocando, capturando, gravando e arquivando imagens. Mas, quando vou a algum lugar hoje em dia, raramente levo uma câmera. É um jeito de não ter alguma coisa entre o mundo e eu. Talvez seja uma forma de preservar um espaço para memórias e experiências que não estão presas ao plano da imagem – nem retocadas ou recortadas. (Garry Hill, videoartista, em entrevista a Trópico).

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Das obrigações intermináveis

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu deslocado/a em uma conversa sobre algum livro que não tenha lido. Inúmeras vezes já passei por isso. E nesse fim de semana, tive contato com o livro do professor de Literatura na França, Pierre Bayard, que compartilha publicamente essa angústia da "não-leitura" com todos nós, eternos devedores de leituras. O livro é "genial", como falou o cara que me apresentou a Bayard. Somos obrigados a termos lido tudo, quando, de fato, ninguém leu tudo e nunca vai ler! Atuamos, em nossas vidas acadêmicas ou de leitores cotidianos, em uma parcela ínfima de tudo que já foi publicado e devemos aprender a lidar com essa sensação de incompletude "intelectual" pelo resto de nossas vidas. Bayard constrói uma crítica pertinentíssima à interdição do assunto da "não-leitura" ao mesmo tempo que confessa suas próprias experiências de leituras não realizadas. Essa ideia caiu como uma luva à minha crise atual. Sinto-me afogada por leituras obrigatórias e "em atraso". E o que Bayard nos ensina é como aprender a falar de livros mesmo tendo só os folheado ou lido apenas algumas de suas passagens, importando, acima de tudo, as relações que fazemos entre determinado livro e outros que conhecemos. Trata-se da nossa realação pessoal com a leitura. Qual o valor de determinada leitura se dela não posso estabelecer conexões com o mundo fora dela? Nem precisei terminar (ainda) o livro de Bayard para dele viajar em ligações com Benjamin, Foucault, o ato de ensinar, de pesquisar, de criar. Somos seres que criamos, para além de qualquer livro, podendo conversar apaixonadamente sobre ele e nossas vidas em nossas salas de estar. Dentre os incontáveis clássicos, estamos nós, criativos não-leitores, potenciais Bayards.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Book

E quem disse que esta tecnologia não pega? Rsrs... Uma senhora publicidade! Hahaha. Vejam!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Quem é você?

Estar em um lugar onde ninguém conhece você e onde você vai começar a fazer com que as pessoas construam conceitos sobre sua índole, sua personalidade, sua capacidade etc, é muito excitante. É dar a cara à tapa, é brincar de ser corajoso, de arriscar. É ser uma folha de papel em branco a ser escrita. É uma dica de vida. Sempre respire ares diferentes.

Eu e os gatos


Aprendemos muito com os gatos. Sobre paciência, observação, cálculo, agilidade (apesar também, de sua extrema indolência). Diria que eles também ensinam sobre o que é carinho e sobre o que é a falta de carinho. Quando ariscos, eles pedem distância. Quando carentes, envolvem a gente de uma maneira que só Punk faz. Saudade dela. Mato a saudade com outros gatos que vejo por aí, na ECO e nas ruas. O pesar é o sentimento de pena que só aumenta ao ver alguns famintos, abandonados. Embora perceba que na faculdade eles me parecem ser bem alimentados (ao contrário da privação que se impunha na Unifor). Enfim, os gatos me paralisam, jogam feitiço em mim. Tentar fotografá-los é difícil pois eles não se rendem assim tão facilmente. Eles que me fotografam muito melhor.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PDFs, Words e afins

Estudante lisa sofre. Não bastasse a desconcentração constante nos estudos ocasionada pelo esvaziamento de sua poupança e pela espera de uma bolsa de estudos que não sai, muitas leituras (de livros, inclusive) dependem de PDFs ou aquivos .doc enviados pelos professores que, claro, não serão impressos por quem não têm dinheiro, como yo. Lá vai mais uma noite adentro com a vista doendo diante da tela, tentando ler infinitas páginas. Dessa vez, entretanto, a vista pediu descanso. É, ela não tem culpa da miséria estudantil. A opção dos arquivos digitais são ótimas, confesso. São mais "democráticas". Mas acho que o papel ainda é incomparável, principalmente, para quem gosta de grifar, riscar, anotar. Estava no ônibus outro dia pensando em como seria prático possuir um leitor portátil digital para ler livros aonde quer que fôssemos. Carregar mil PDFs dentro da bolsa e ler à vontade, já pensou? Experiência bem diversa do papel, mas, talvez, mais cômoda. Bateu aquela vontade súbita de possuir a coisa só por um instante, naquele ônibus. A racionalidade me puxou para o chão, porém. E aterrisei: continuo uma estudante lisa, sem papel e sem portabilidade. Coisas da vida...

domingo, 2 de maio de 2010

A culpa é dos Beatles!

A professora de Francês concluiu isso quanto ao possível domínio da língua inglesa na preferência dos estudantes. Chocante? Talvez, até a explicação mais prolongada de sua frase. Ela acredita que não está vinculada ao apelo comercial a opção por aprender Inglês. Foi com a explosão do movimento hyppie, da beatlemania, da efeverscência cultural aí instaurada que o Inglês tomou força. Desde então o Francês sofreu uma queda de adeptos, inclusive no meio universitário. Contudo, a simpatia dedicada à língua francesa, segundo à Capes e seus números de bolsistas enviados ao exterior, a maior parte dos estudiosos estão indo para França e, não, para os EUA ou Inglaterra. A professora diz que há aí uma retomada do Francês e um declício do Inglês. Difícil concordar com tudo o que ela falou, até porque acho que o Inglês está longe de uma crise. No entanto, o fato de atribuir a preferência de uma língua a um uso social e não comercial me chamou atenção. A culpa é dos Beatles ou não é?