terça-feira, 26 de abril de 2011

Rotina

Já me falaram que é necessário ter rotina para sobreviver. E realmente, é. Os compromissos exercem sobre nós uma força seminal, já que, em função deles, aprendemos a ter prioridades, dividir o tempo, valorirar o tempo livre etc. Eles são professores que nos cobram todos os dias.

Por outro lado, a esperteza seria aliar rotina ao prazer, o que é bem difícil. Tenho o sentimento de que é facílimo os dias parecerem duros, maçantes, repetitivos. O segredo de encontrar prazer na repetição é que é complicado de desvendar. Até para isso, precisamos de algo que nos coloque para frente, bata em nossa cara e diga: vamos, ande e faça algo de diferente!

Sinto falta de fazer com os dias o que os montadores fazem com os filmes: tirar essa cena daqui e colocar no final, inserir aquele momento do meio no começo, expandir a duração de alguns acontecimentos, dentre outras falcatruas. A sequência inevitável do mundo "real" - do nascer ao pôr-do-sol, da segunda à sexta, do café ao jantar, por muitas vezes, leva-me a desejar escapar da sua rigidez e fazer tudo diferente, jogando a prova e a aula que tenho amanhã pelos ares. Meu lado racional, entretanto, entra em ação e diz: aquieta o facho!

domingo, 24 de abril de 2011

Pós-viagem...

Sei lá por que me bateu uma saudade enorme. Do que deixei, de todos os afetos, de abraço, de família, de lugares, de ares respirados. É como se tivesse sofrido um corte umbilical com um manancial de sentimentos bons. Resultado? Fossa.

Enraizar-se e não sentir a dor da saudade ou senti-la ao sair de perto das suas raízes na tentativa de encontrar possíveis outras? Nesse momento de fossa, reina na mente a pergunta: por que escolhi sair? Não teria uma opção menos conflitante?

Toda sua vida é posta em jogo: crenças, opções, planos, satisfações, abstinências, obrigações, valores, prazeres etc etc. Como a fossa tem água escura e turva, só vejo refletidas coisas negativas: tristeza, insatisfações, tormentos... Sentimento de que a escolha que fiz é errada e não se é feliz. A felicidade foi deixada para trás e é preciso dar a ré, tentando viver tudo de novo em câmera lenta, durando mais e mais.

Sede de vida, amor e abraço.

sábado, 2 de abril de 2011

Mães são (quase) todas iguais

Quando vejo uma mãe parecida com a minha, é como se ela tivesse do meu lado: com as mesmas preocupações, com as mesmas atitudes, com o vocabulário muito parecido, um amor e proteção incontestáveis pela prole. É tão prazeroso para elas ver os filhos bem que não se mede esforços em ajudá-los, afagá-los, agradá-los (até quando alguns filhos nem merecem). O sentimento materno é tão nobre que pode expandir sua atuação até mesmo com quem nem saiu do seu ventre.

Penso na minha mãe como o modelo de mãe. Tanto, que quando vejo mães que não parecem com a minha estranho um bocado... É como se agredissem e derrubassem toda a redoma de significados que minha mãe construiu para mim. Valores, cuidados, lições de moral, histórias... Tudo o que muitas vezes pode parecer excesso é, para os que não tem uma mãe com M maiúsculo, motivo de carência, decepção. Existem Mães e mães: as mães como a Minha e as mães que não fazem questão de exercer a maternidade, que não se resume ao ato de dar à luz, mas ao afeto, sentimento que independe de uma gestação no ventre.

Já tive uma tia que era como mãe para mim e ela nunca teve filhos. Veja só onde chega o sentimento maternal? Ser materno é ter o coração grande, querer ajudar, pensar no filho como alguém merecedor da sua atenção, do seu amor. "Mãe é bicho besta", minha mãe sempre fala. Acredito tanto nessa frase a ponto de estranhar todas as mães que não comportam nela. Posso afirmar que muitas mães passam longe da minha quando o assunto é sentimento materno, porém, não posso negar que, como a Minha, existem várias, com a mesma corujisse e bravura quando o assunto é seus filhos. Vejo minha mãe nessas mães e o sentimento é tão bom que o Ceará fica mais perto de mim.